Subiu os lances da escada já antevendo as confusões e aborrecimentos que o estariam aguardando quando chegasse ao seu andar. Jamais se acostumara ao cenário caótico e ao vozerio que o impediam de efetuar qualquer tarefa que exigisse concentração.
Decerto isso não contribuiria para deixar menos amarga aquela manhã de segunda feira. Mas, conformando-se, reconheceu que só o trabalho poderia afugentar certos pensamentos que, como almas perdidas, insistiam em acompanhá-lo.
Acabara de vencer o último degrau quando, suave e inesperada, ela surgiu. Tão inesperada que suas companhias fugiram todas, vindo agora acercar-se dele uma estranha força que o impelia a sorrir sem querer enquanto conversavam. Como sempre acontecia, procurou se conter. Porém, um pressentimento já começara a se desenhar firme em seu pensamento; mesmo antes que concluíssem as formalidades e ela se preparasse para sair, já era possível identificá-lo com alguma clareza.
Assim que se viram às sós, puxou-a para junto de si, envolvendo-a, e por um breve momento acumpliciaram-se sob o dossel imaginário que acabara de se formar. Tudo aconteceu muito rapidamente, pois havia o risco de alguém entrar e incriminá-los por matar saudades.
“Você é louco!” ela pareceu ter dito.
Mas ele se sentia muito bem. Após acompanhá-la até o andar térreo, refez o mesmo percurso de minutos antes, mas então seus pensamentos eram outros.
Não apenas a visão lhe parecia mais nítida, mas todos os sentidos eram agora mais apurados. Dos problemas de sempre nem se lembrava mais. O estado primitivo para o qual retornara dera-lhe uma sensação muito diferente da habitual; contudo, não precisou ponderar muito para concluir que seria transitória. Ainda assim, não se arrependera.
Decerto isso não contribuiria para deixar menos amarga aquela manhã de segunda feira. Mas, conformando-se, reconheceu que só o trabalho poderia afugentar certos pensamentos que, como almas perdidas, insistiam em acompanhá-lo.
Acabara de vencer o último degrau quando, suave e inesperada, ela surgiu. Tão inesperada que suas companhias fugiram todas, vindo agora acercar-se dele uma estranha força que o impelia a sorrir sem querer enquanto conversavam. Como sempre acontecia, procurou se conter. Porém, um pressentimento já começara a se desenhar firme em seu pensamento; mesmo antes que concluíssem as formalidades e ela se preparasse para sair, já era possível identificá-lo com alguma clareza.
Assim que se viram às sós, puxou-a para junto de si, envolvendo-a, e por um breve momento acumpliciaram-se sob o dossel imaginário que acabara de se formar. Tudo aconteceu muito rapidamente, pois havia o risco de alguém entrar e incriminá-los por matar saudades.
“Você é louco!” ela pareceu ter dito.
Mas ele se sentia muito bem. Após acompanhá-la até o andar térreo, refez o mesmo percurso de minutos antes, mas então seus pensamentos eram outros.
Não apenas a visão lhe parecia mais nítida, mas todos os sentidos eram agora mais apurados. Dos problemas de sempre nem se lembrava mais. O estado primitivo para o qual retornara dera-lhe uma sensação muito diferente da habitual; contudo, não precisou ponderar muito para concluir que seria transitória. Ainda assim, não se arrependera.
Pois, afinal - pensou, a esses encontros marcados com o acaso não se deve faltar!
Andre Previn, Herb Hellis , Shelly Manne, Ray Brown- Oh What a Beautiful Morning