Da mesma coletânea de escritos de Schopenhauer (A arte de escrever), transcrevo alguns trechos da opinião do autor sobre o excesso de publicações que, já em sua época, entulhavam a literatura. Também neste caso, o exemplo pode ser aplicado ao que ocorre hoje, inclusive com teses acadêmicas e publicações científicas.
"Ocorre na literatura o mesmo que na vida: para onde quer que alguém se volte, depara-se logo com o incorrigível vulgo da humanidade, que se encontra por toda parte em legiões, enchendo e sujando tudo, como as moscas no verão. Isso explica a quantidade de livros ruins, essa abundante erva daninha da literatura que tira a nutrição do trigo e o sufoca. Pois eles roubam tempo, dinheiro e atenção do público, coisas que pertencem por direito aos bons livros e a seus objetivos nobres, enquanto os livros ruins são escritos exclusivamente com a intenção de ganhar dinheiro ou criar empregos. Nesse caso, eles não são apenas inúteis, mas realmente prejudiciais. Nove décimos de toda a nossa literatura atual não têm nenhum outro objetivo a não ser tirar alguns trocados do bolso do público: para isso, o autor, o editor e o crítico literário compactuam.
"Como as pessoas leem sempre, em vez dos melhores de todos os tempos, apenas a última novidade, os escritores permanecem no círculo estreito das ideias que circulam, e a época afunda cada vez mais em sua própria lama.
Por isso é tão importante, em relação ao nosso hábito de leitura, a arte de não ler."...
"Basta nos lembrarmos de que, em geral, quem escreve para os tolos encontra sempre um grande público, a fim de que nosso tempo (o dele, Schopenhauer) destinado à leitura, que costuma ser escasso, seja voltado exclusivamente para as obras dos grandes espíritos de todos os tempos e povos, para os homens que se destacam em relação ao resto da humanidade e que são apontados como tais pela voz da notoriedade. Apenas esses espíritos realmente educam e formam os demais.
Quanto às obras ruins, nunca se lerá pouco quando se trata delas; quanto às boas, nunca elas serão lidas com frequência excessiva. Livros ruins são veneno intelectual, capaz de fazer definhar o espírito.
Para ler o que é bom uma condição é não ler o que é ruim, pois a vida é curta, o tempo e a energia são limitados."
Translate
Uma tarde
Entre alegorias de um carnaval sem disfarce
Onde em esquinas o escroto expõe sua face
Ouviu um coro de pedra entoar em uníssono
A cerimônia do réquiem celebrada em ofício
Não longe do foro uma puta lhe sorria
Instante único de calor
De uma tarde escura e fria
O filósofo (HL Mencken)
"Não há registro na história humana de um filósofo feliz: só existem nos contos da Carochinha. Na vida real, muitos cometeram suicídio; outros mandaram seus filhos pela porta afora e surraram suas mulheres. Não admira. Se você quiser descobrir como um filósofo se sente quando se empenha na prática de sua profissão, dê um pulo ao zoológico mais próximo e observe um chimpanzé na sua chatíssima e infindável tarefa de contar pulgas. Ambos - o filósofo e o chimpanzé - sofrem como o diabo, mas nenhum dos dois consegue ganhar."
Henry Louis Mencken (1880 - 1956)
Jornalista, editor, escritor e filólogo
Henry Louis Mencken (1880 - 1956)
Jornalista, editor, escritor e filólogo
Assinar:
Comentários (Atom)